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montesclaros.com - Ano 22 - sábado, 17 de maio de 2025

"Entre essas cidades estão: Francisco Sá, Grão Mogol, Botumirim, Cristália, Fruta de Leite, Josenópolis, Padre Carvalho, Novorizonte, Rubelita, Santa Cruz de Salinas e Salinas, a “Capital da Cachaça”

Sexta 16/05/25 - 21h28

15h20m, sexta-feira, do jornal Estado de Minas, de BH:

Três acidentes são registrados na BR-251 após tragédia com van e carreta

Sequencia de desastres alerta para o perigo de quem precisa trafegar pela perigosa rodovia, que tem trânsito intenso de caminhões e carretas
Luiz Ribeiro

Três acidentes graves, com duas mortes em dois deles, foram registrados na BR-251 nos dois dias subsequentes à colisão entre uma van e uma carreta, que deixou nove mortos e 10 feridos, na noite de terça-feira (13/5). A rotina de desastres escancara os riscos para quem trafega pela perigosa rodovia, que tem um tráfego intenso de caminhões e carretas. A BR-251 já foi apelidada de "estrada do medo".

Na noite dessa quinta-feira (15), o motorista de um caminhão caçamba morreu depois que o veículo conduzido por ele se chocou contra uma carreta carregada de batatas e um veículo de passeio no Km 429 da rodovia. O carro tinha cinco ocupantes e nenhum deles ficou ferido. O motorista do caminhão de batatas também escapou ileso.

De acordo com testemunhas, o caminhão caçamba seguia no sentido Montes Claros/Salinas e bateu no caminhão de batatas, que viajava em direção contrária. O carro de passeio que seguia logo atrás do caminhão caçamba acabou sendo envolvido no acidente. O trânsito no local ficou parado por cinco horas.

Na madrugada de ontem, no km 333 da BR-251, na “Serra de Salinas”, um caminhão carregado com batata doce tombou na pista. O motorista do caminhão, de 37 anos, ficou preso às ferragens. Ele foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros e socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), sendo levado para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Salinas.

O trânsito no local foi interrompido por aproximadamente três horas para a remoção do veículo e da carga que ficou espalhada na pista.

Na quarta-feira (14), por volta das 20h30min, um caminhão que transportava bovinos tombou e saiu da pista no Km 475 da rodovia, na Serra de Francisco Sá. O condutor do veículo morreu na hora.

Estrada do medo
As tragédias constantes registradas na BR-251 impõem medo para as pessoas que precisam percorrer constantemente a estrada. O trecho compreende 300 quilômetros entre Montes Claros e a BR-116 (Rio-Bahia).

A apreensão é vivida nos pequenos municípios do Norte de Minas que são “cortados” ou estão localizados próximo da rodovia e seus moradores, inevitavelmente, precisam pegar a perigosa estrada nos seus deslocamentos, principalmente nas viagens até Montes Claros, cidade-polo da região, para tratamento de saúde e outros compromissos.

Entre essas cidades estão: Francisco Sá, Grão Mogol, Botumirim, Cristália, Fruta de Leite, Josenópolis, Padre Carvalho, Novorizonte, Rubelita, Santa Cruz de Salinas e Salinas, a “Capital da Cachaça”.

O quadro de medo é vivido pelos moradores de Francisco Sá, de 23 mil habitantes, situada às margens da BR-251, a 42 quilômetros de Montes Claros. “Há mais de 30 anos Francisco Sá vive com os dramas dos acidentes na BR 251”, afirma o professor Joaquim Fernandes Pena, o Quincas, morador da cidade.

“Se por um lado a rodovia proporcionou muito desenvolvimento para o município, por outro, sofre com os horrores dos acidentes, com muitas pessoas mutiladas e muitas vidas ceifadas”, lamenta o professor.

Apresentador de programa em uma emissora de rádio local, da qual é presidente, a Raízes FM, ele liderou um movimento junto a instituições da cidade, que coletou listas de abaixo-assinado, a serem enviadas à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, solicitando a alocação de recursos para a duplicação da BR-251.

Outro morador de Francisco Sá que enfrenta apuros constantemente é o motorista de táxi Alex Soares da Silva, de 45 anos. Ele percorre a rodovia no trecho entre Francisco Sá e Montes Claros duas vezes por dia. “A sensação que tenho ao passar pela 251 é de medo. Toda vez que pego a rodovia, a gente se pega com Deus e reza, pois ela é uma estrada não duplicada, com um fluxo muito grande de veículos”, confessa Alex.

"É tragédia em cima de tragédia, em cima de tragédia, como a que aconteceu por último”, disse o taxista, fazendo referência à batida entre a van e a carreta ocorrida na noite de terça-feira, perto do distrito de Barrocão no município de Grão Mogol.

Os nove mortos no acidente viajavam na van, que levava trabalhadores rurais do Triângulo Mineiro de volta para casa na região do Cariri, no Ceará, e estava irregular, pois, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o veiculo não tinha cadastro junto ao órgão para o transporte interestadual de passageiros.

Movimento de lideranças por duplicação
A BR-251 encontra em processo de concessão para a iniciativa privada, conduzido pela ANTT, que prevê melhorias no trecho. Lideranças do Norte de Minas iniciaram movimento exigindo mudanças no projeto, já que no processo está prevista a duplicação de apenas 24,2 quilômetros da estrada e elas pleiteiam a duplicação de todo o trajeto da BR-251 (300 quilômetros) ou de pelo menos nos trechos mais perigosos.

O processo de concessão iniciado pela ANTT, além da BR-251, envolve o trecho mineiro da BR-116 (Leste de Minas e Vales do Mucuri e do Jequitinhonha). A proposta abrange o total de 734,90 quilômetros das duas rodovias.

Pelo projeto, serão duplicados 24,2 quilômetros na BR-251 enquanto na BR 116 serão duplicados 154,2 quilômetros – ou seja 86,4% do total (178,4 quilômetros) de duplicação prevista no projeto de concessão das duas rodovias.

No dia 10 de abril, insatisfeitos com o teor da proposta do Governo Federal, prefeitos e dirigentes de entidades de classe da região fizeram um protesto no estacionamento de um posto de combustíveis às margens da rodovia, no trecho entre Montes Claros e Francisco Sá, cobrando alterações no processo de concessão. Eles solicitam o aumento do percurso a ser duplicado e pedem que sejam feitas intervenções nos trechos mais perigosos da estrada, como a Serra de Francisco Sá e a Serra de Salinas.

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